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sábado, 31 de dezembro de 2011

Capítulo 6 - Amigos defendem seus amigos

Capítulo 6 - Amigos defendem seus amigos

Vimos no capítulo anterior que dentro de nós existem duas naturezas lutando para obter o controle de nossa vida. O inimigo fará tudo o que puder para que a natureza pecaminosa vença e nos empurre ao pecado. O alvo é a nossa mente porque ela significa a nossa vontade. O território de nossa mente é o campo de batalha. Se ele conquistar nossa mente, conquistou nossa vida. Por isso ele fará
de tudo para capturá-la. Usará drogas, álcool, cigarro, sexo, teorias, filosofias. Não importa o método, não importa a hora, não importa o preço. O seu lema é vencer, derrotar e arruinar. Você descobrirá que a luta não é fácil, que há momentos em sua vida que você se sente como uma plantinha em meio do deserto tentando resistir a um furacão que o levará para a destruição. O que fazer? Tem Deus alguma solução?

Claro que tem. São Paulo diz: "Quero recordar-lhes que vocês devem ser fortalecidos com o imenso poder do Senhor. Vistam-se de toda a armadura de Deus, a fim de que possam permanecer a salvo das táticas e das artimanhas de Satanás. Porque nós não estamos
lutando contra gente feita de carne e sangue, mas contra pessoas sem corpo, os reis malignos do mundo invisível, esses poderosos seres satânicos e grandes príncipes malignos das trevas."

Você vê. Podemos ser vestidos do poder de Deus. Mas a luta não cessará porque nosso inimigo é um inimigo invisível, astuto, covarde e persistente. Ele também é traiçoeiro. Nunca mostra o rosto. Ele se disfarça, se esconde e usa como instrumento para chegar ao controle de nossa vida algo muito sutil chamado tentação.

O que é tentação? É todo esforço que o inimigo faz para levar-nos a pecar. Mas tentação não é pecado. Ninguém precisa se sentir um pecador pelo fato de experimentar a tentação. Se você está deitado na cama e de súbito aparece um pensamento pecaminoso na sua mente, você não precisa pensar que está perdido e se condenar pelo fato de um pensamento negativo aparecer por um ou dois segundos. Eilen White tem uma ilustração muito simples a respeito: "Você não pode impedir", diz ela, "que os passarinhos voem em cima de sua cabeça, mas pode impedir que eles façam seu ninho nela!" Existem muitos e variados tipos de tentações. Na realidade Satanás tem uma fábrica destas. Lá são elaboradas tentações personalizadas. Cada uma especialmente
preparada para cada indivíduo. E o inimigo conhece muito bem o lado fraco de cada ser humano. Para um será o álcool, para outro a inveja, para outro as drogas, para outro a deturpação do sexo. Enfim, a nossa luta é contra um ser inteligente. Ele conhece as nossas origens, o ambiente que crescemos, a herança que recebemos de nossos pais. Fará de tudo para nos enganar. Ele se esconderá atrás
de uma música sensual, atrás de uma mulher bonita, de um rapaz maravilhoso, de uma teoria fascinante. Ele se vestirá de luz, se for preciso. Para os propósitos dele, vale tudo. O fim justifica os meios. Mas tudo que ele fizer para enganar você é apenas tentação, e tentação não é pecado. O inimigo nunca poderá vencer a menos que conte com a colaboração do ser humano. Ele pode fazer o que quiser. Pode rodear a nossa vida de tentações. Vozes. Muitas vozes. Dinheiro, glória, fama, prazer, luzes. Muitas luzes. O que quiser. Tudo não passa de tentação. Ele não pode obrigar-nos a pecar. Se cairmos é porque aceitamos cair. É porque cedemos voluntariamente aos feitiços da tentação.

"Por maior que seja a pressão exercida sobre a alma, a transgressão é o nosso próprio ato. Não está no poder da Terra nem do inferno compelir alguém a fazer o mal. Satanás ataca-nos em nossos pontos fracos, mas não é o caso de sermos vencidos. Por mais severo ou inesperado que seja o ataque, Deus nos proveu auxílio e em Sua força podemos vencer!"
Podemos ilustrar a diferença entre tentação e pecado com o telefone. O telefone pode chamar. A tentação é o telefone chamando. O pecado acontece se você atender. Se você não atender, não existe pecado. Mas o telefone continua chamando. Incomoda? Claro que incomoda, mas não passa de simples tentação. Consideremos agora alguns conselhos que podem ser úteis ao enfrentarmos a tentação. Quando a tentação vier, procure pensar em outra coisa. Já explicamos que a luta é para ocupar o território da mente, então coloque em sua mente promessas bíblicas. Há uma lei física que diz: "Um espaço vazio só pode ser ocupado por um corpo ao mesmo tempo!" O espaço é a nossa mente. Ela nunca pode estar em branco, a não ser quando estamos dormindo. Toda vez que a tentação vier, peça socorro divino, repita um salmo de cor, cante um hino, repita o verso da meditação daquele dia, coloque pensamentos e promessas bíblicas em sua mente. De acordo com a lei física, a tentação não terá vez. O que não podemos é permitir que o pensamento negativo, chamado de tentação, permaneça em nossa mente mais de dois segundos. Não devemos acariciá-lo, não devemos deleitar-nos com ele, porque aí a tentação vira pecado. Primeiro em forma de desejo pecaminoso, que nos levará depois ao ato
pecaminoso, e se repetido conduzir-nos-á ao vício. Outro conselho que devemos lembrar é que o período crítico da tentação não dura mais de 3 minutos. Toda tentação tem um processo. Começa aos poucos e vai batendo e batendo cada vez mais forte à porta da cidadela de nossa mente. Há um momento que parece que não vai dar para resistir. Mas toda tentação chega ao ponto máximo de sua intensidade num período de 3 minutos. Lembra do exemplo do telefone? Ele toca, toca e se você não atender, ele pára de tocar. O bom de tudo é que após passar a investida da tentação, você pode ficar muito mais forte. Cada vez que somos tentados, vencemos ou fracassamos, conquistamos ou somos conquistados. A resposta que dermos à tentação pode deixar-nos mais fortes ou mais fracos.
Se nos entregarmos nos braços de Cristo e vencermos, estaremos melhor preparados para a próxima tentação. Se lutarmos sozinhos e fracassarmos, estaremos mais fracos e vulneráveis quando vier a próxima tentação.

E agora o conselho mais importante: Não olhe para você, olhe para Cristo. Isto é básico porque o resultado final dependerá de quem ocupa os nossos pensamentos. Olhar para nós só trará fracasso e frustração. Aí está a tragédia da humanidade. O mundo diz: "Olhe para você", "descubra seu potencial", "concentre-se para conseguir a força mental", "descubra-se a si mesmo", "explore sua energia interna". Mas dentro de nós só existe angústia, vazio, desequilíbrio e muitas vezes desespero. Deus tem um caminho melhor. Ele nos pede que olhemos para Cristo. Este é um caminho simples, porém seguro.
Conta-se a história de certo faquir da índia, que um dia chegou a uma pequena vila declarando que podia fabricar ouro. As pessoas correram para ver o estranho visitante. O homem colocou num prato grande um pouco de água, algumas gotas de tinta e começou a mexer o prato em círculos, repetindo algumas palavras mágicas. Num momento em que a atenção do público estava distraída, o faquir deixou escorregar da manga um pedaço de ouro dentro do prato, e depois tirou a água da vasilha e mostrou a todos o pedaço de ouro. Todo mundo olhava incrédulo. Um comerciante da cidade quis comprar a fórmula por 500 dólares e o faquir vendeu. "Mas", explicou, "você não pode pensar no macaco de rosto vermelho quando mexer o prato, porque se você pensar nele o ouro nunca aparecerá." O comerciante prometeu que "lembraria sempre que devia esquecer o macaco" mas quanto mais se esforçava por esquecer tanto mais forte ficava em sua mente a imagem do macaco de rosto vermelho. E ele jamais conseguiu o ambicionado ouro.
Não lhe parece familiar este fato? Quanto mais queremos esquecer nossos erros, quando mais queremos jogar fora a tentação, ela está cada vez mais firme.. Olhe para Cristo, que Ele ocupe o território completo de sua mente através de promessas bíblicas.

Tenho uma experiência que marcou minha vida de garoto. Devia ter seis ou sete anos de idade naquela época. Na escola todas as crianças tinham mais ou menos a minha idade. Só havia dois rapazes grandes, de dezesseis anos. Um deles era muito mau, batia nas crianças e tirava as coisas delas à força. Minha mãe costumava me dar cada dia 20 centavos para o lanche. Vinte centavos naquele tempo dava para comprar um sorvete de morango e ainda restava troco para comprar amendoim torrado. Tenho a impressão que cada dia me levantava com uma ansiedade tremenda de ir para a escola por causa do sorvete e do amendoim, e não por causa da aprendizagem. Um sorvete era a maior alegria para um garoto de seis anos.
Um dia, a caminho da escola, aquele rapaz mau saiu ao meu encontro e me pediu a moeda. Resisti, mas ele me dobrou o braço e, à força, tirou minha moedinha. "Você está vendo aquele homem sem braço?", disse depois para mim, apontando um rapaz maneta que morava no bairro. "Sabe por que não tem braço? Eu cortei o braço dele. E se você contar para sua mãe ou para a professora que tirei sua moeda, corto também seu braço." Aí começou minha tragédia. Dia após dia entregava a moedinha para ele. Isso causava uma revolta dentro de mim. O pior de tudo era que não podia avisar a ninguém. Não queria perder o braço. Tornei-me uma criança triste, chorava à noite sozinho. Não tinha mais motivação para ir à escola. Às vezes, na hora do recreio, aquele rapaz mau comprava um sorvete com meu dinheiro e tomava perto de mim, zombando e me fazendo sofrer. O que podia fazer uma criança de seis anos contra um rapaz de dezesseis? Certo dia, na hora do recreio, eu estava contemplando as crianças brincando, quando aquele rapaz mau bateu numa delas. Naquele momento apareceu o outro rapaz grande da escola e deu-lhe um tapa. Para minha surpresa o rapaz mau não teve coragem de enfrentá-lo. Uma idéia brilhou em minha mente. Procurei o outro rapaz e disse: "Você gostaria de ganhar 10 centavos todo dia?"E contei a história toda. O rapaz prometeu me proteger. Combinamos que no dia seguinte ele me esperaria no lugar onde o rapaz mau me aguardava diariamente. Aquela noite quase não dormi."Amanhã", pensava, "será meu grande dia. Nunca mais ninguém vai tirar o que é meu!" No dia seguinte levantei-me cedo. Recebi a moeda de minha mãe e me dirigi à escola. Lá, no lugar de sempre estava o rapaz perverso me aguardando. Dessa vez não olhei para ele. Segui meu caminho, mas ele me alcançou e me pediu a moeda. "Nunca mais, ouviu? Nunca mais vou lhe entregar a moeda", disse eu olhando desafiadoramente para os olhos dele. Meu verdugo quase não podia acreditar o que estava ouvindo. Começou a me dobrar o braço. Mas naquele instante, do outro lado da rua saiu meu amigo e nós dois demos uma surra no grandão.
Você está rindo? Também eu sorrio hoje, mas tremo pensando nas horas de angústia e de impotência que uma criança de seis anos viveu. Nós somos a criança e o diabo é aquele rapaz de dezesseis anos. Às vezes ele vem e nos tira, não a ilusão de um sorvete, mas a alegria da vida. Derruba nossos castelos, nossos sonhos, estraçalha nossos planos. Rouba-nos os valores morais, o respeito próprio, arranca de nós a paz e o equilíbrio interno e ri, ri porque se considera vitorioso. E sua gargalhada é como uma bofetada no rosto de Cristo. Às vezes brinca conosco, como o gato com o rato. Deixa-nos sair um pouco, deixa-nos pensar que estamos livres, para depois atacar com força e ferir, machucar e humilhar. Por quê? Por que tem que ser assim?

Do outro lado da rua, lá na montanha solitária foi pendurado um Deus-homem não só para dar perdão, mas também para dar poder. Quando Ele morreu, o inimigo pensou que tinha vencido, mas ao terceiro dia, ressurgiu das entranhas da terra um Cristo vitorioso. Ressuscitou. Hoje vive. Vive para dar poder. Olhe para a tumba vazia. Olhe para o Céu e veja o gigante da História disposto a vencer em seu favor. Cristo venceu! Venceu Seu inimigo no deserto. Venceu-o na cruz. Venceu-o na morte Só resta vencer em nosso
coração. Aí a decisão é nossa. Ele não pode vencer em nosso coração se não permitirmos. Nosso inimigo é um inimigo vencido. Está lutando desesperadamente, "como leão buscando a quem devorar sabendo que tem pouco tempo", porque ele reconhece que está vencido.


Conta uma lenda antiga que um guerreiro estava lutando na batalha, com a cabeça decepada, mas estava tão envolvido na luta que mesmo sem cabeça estava matando muita gente, até que alguém olhou
para ele e disse: "Você está sem cabeça. Você está morto." Aí o guerreiro caiu e parou de lutar.

É isso aí meu amigo. Estamos lutando contra um inimigo sem cabeça. Cristo já o venceu. Vencerá também em seu coração? Você nunca está sozinho. "Satanás não pode sofrer que se apele para seu poderoso Rival, pois ele teme e treme diante de Sua [de Cristo] força e majestade. Ao som de fervorosa oração, treme toda a hoste de Satanás... E quando anjos todo-poderosos, revestidos da armadura do
Céu, vêm em auxílio da desfalecida e perseguida alma, Satanás e sua hoste retiram-se, pois bem sabem que está perdida a sua batalha!

"Clama ao Senhor, alma tentada! Lança-te, desamparada, indigna, sobre Jesus, e reclama-Lhe a promessa. O Senhor ouvirá. Ele sabe quão fortes são as inclinações do coração natural, e ajudará em cada ocasião de tentação."

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