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sábado, 31 de dezembro de 2011

Capítulo 11 - Mais do que amigos.

Capítulo 11 - Mais do que amigos.

Vimos num capítulo anterior que ser perfeito "é andar com Deus". Ele nos considera justos e santos, não porque nunca pecamos, mas na medida em que seguramos o braço poderoso de Cristo e caminhamos humildemente com Ele. Muitos, porém, poderão pensar:Como é possível andar de mãos dadas com Jesus se Ele não está mais aqui? Se não podemos vê-Lo nem tocá-Lo?

É verdade que hoje Cristo não está mais conosco. Ele está no Santuário Celeste intercedendo por nós. A intercessão e o julgamento são obras que precisam ser realizadas. Mas Ele quer ao mesmo tempo andar conosco aqui neste mundo. Ele quer segurar a nossa mão e levar-nos pelos caminhos da vida. Ele sabe que neste mundo a vida é muito difícil, que precisamos de um consolador, de um confortador, de alguém que nos sustente e nos dê poder para vencer. Como fazer? É aqui que se desenha no horizonte a pessoa maravilhosa do Espírito Santo. Ao aproximar-se a data de Sua morte, Cristo reuniu Seus discípulos e lhes disse: "Convém-vos que Eu vá, porque se Eu não for, o Consolador não virá ... Quando vier, porém, o Espírito da verdade, Ele vos guiará a toda verdade!" Você viu? O Espírito Santo é o representante de Cristo hoje. Ele vem nos consolar, nos sustentar e nos guiar.

Andar com Deus, na realidade, significa andar com o Espírito Santo. Andar com Cristo cada dia num relacionamento de amor é nada mais do que permitir que o Espírito de Deus nos guie. Já lhe ocorreu alguma vez pensar no Espírito Santo apenas como uma força, uma espécie de vento ou uma coisa sem vida e sem corpo vagueando pelo ar? Era essa a impressão que eu tinha quando garoto. Minha mãe orava: "Ó Deus, enche-nos de Teu Espírito", e eu pensava que alguma bola de ar iria entrar dentro de mim. Demorei anos para entender que o Espírito Santo é uma pessoa. Ele é Deus. Como Deus o Pai e o Filho, Jesus Cristo. É uma pessoa que conhece, que tem vontade, que ama, que fica triste. Quando Cristo subiu ao Céu, Ele enviou o Espírito Santo não simplesmente para andar conosco, mas para morar em nós. "Não sabeis que sois santuário de Deus, e que o Espírito de Deus habita em vós?"

Aqui está envolvido um relacionamento íntimo. Não pode existir separação entre o Espírito e nós. Ele não quer estar apenas ao nosso lado. Ele quer estar em nós, dentro de nós, nenhuma partícula de ar pode nos separar. É aceitando a Sua presença em nosso coração que andaremos com Deus. É permitindo que Ele ocupe cada canto de nosso ser que caminharemos com Cristo. Porque o Espírito é o Seu representante. O Espirito é Cristo em nós. Isto não é maravilhoso? Com Sua natureza de homem, o máximo que Cristo poderia fazer era viver ao nosso lado. Representado pelo Seu Espírito, Ele transcende a matéria e habita em nós. O Espírito Santo, meu querido jovem, é a nossa mais urgente necessidade hoje. No dia que Ele encher a nossa vida, no dia que Lhe entregarmos as chaves do coração e Lhe permitirmos tomar posse de cada milímetro quadrado do nosso ser, nossa vida será transformada assim como a vida do deserto depois de uma torrente de chuva. Vidas secas florescerão. Vidas fracassadas se tornarão vitoriosas. Vidas improdutivas, produzirão. Corações tristes e desanimados terão o brilho da alegria e da esperança. Vícios serão vencidos, correntes de hábitos que submetem, serão quebradas. A voz do Espírito é o grito da liberdade, é o canto da vitória, é o clarim de um amanhã glorioso. Se formos sensíveis aos apelos constantes do Espírito Santo, não correremos risco de errar. "Quando te desviares para a direita e quando te desviares para a esquerda, os teus ouvidos ouvirão atrás de ti uma palavra, dizendo: Este é o caminho, andai por ele." O sucesso de nossa vida dependerá da nossa sensibilidade em prestar ouvidos a essa voz. Ela estará sempre nos falando ao coração. Consolando-nos quando estamos tristes, confortando-nos quando estamos desalentados, encorajando-nos quando estamos temerosos, esclarecendo-nos quando estamos em dúvida, aconselhando-nos quando estamos nos desviando do caminho.

É assim que se anda com Deus. É assim que se é perfeito, justo e bom. Ouvir a voz do Espírito de Deus que nos fala a maioria das vezes através daquilo que chamamos de consciência é segurar o braço poderoso de Cristo e andar com Ele. Falemos agora de algo muito delicado: O pecado contra o Espírito. Você já ouviu falar dele? Em que consiste o pecado contra o Espírito Santo? Uma das doutrinas maravilhosas da Bíblia é a doutrina do perdão. Cristo morreu por nós e com Sua morte pagou o preço dos nossos pecados. Se cairmos aos Seus pés e O reconhecermos como nosso Salvador, Ele apaga as nossas transgressões. Não importa o tipo de vida que tenhamos vivido no passado. Não importa quão baixo tenhamos caído no pecado. A Palavra de Deus diz que "se confessarmos os nossos pecados, Ele é fiel e justo para nos perdoar".

Mas há um pecado que segundo a Bíblia não tem perdão. Em que consiste o pecado contra o Espírito Santo? Por que é que Deus não o perdoa? Como pode alguém saber se chegou a cometer esse terrível pecado? Vamos ilustrar o assunto de forma bem prática.
Luís é um jovem que nasceu na Igreja. Ele é um membro ativo, participante e dedicado. Como todo jovem, Luís tem amigos na Faculdade. Um dia, os amigos o convidam para uma festinha de aniversário num sábado à tarde. A primeira resposta de Luís é "não". Mas os dias passam e os amigos insistem: "Não tem nada de mais. É apenas uma festa de aniversário!" O pior de tudo é que entre os amigos que insistem está uma moça de quem Luís gosta. Finalmente chega o sábado. Luís vai de manhã para a igreja. À tarde, depois do almoço, ele experimenta com mais intensidade a luta de duas vozes no coração. Uma delas diz: "vá", a outra: "não vá". Luís não sabe o que fazer. Nesse momento toca o telefone. É a moça da qual falamos. "Oi, Luís, você não vai fazer isso comigo, vai?" Luís se dirige para o local da festa. No trajeto há uma voz que lhe fala bem alto ao coração: "Luís, você não pode fazer isto, hoje é o dia do Senhor. Você tem que estar é no encontro jovem". Mas Luís continua em frente. A voz não o deixa. Quase o atormenta, é insuportável. Essa voz é a voz do Espírito Santo falando ao coração. Finalmente Luís chega ao local. Há muita alegria e música para todo mundo, menos para ele. A voz continua ali, falando e falando. Ele se sente mal e não consegue ficar ali muito tempo. Volta para casa correndo. Deita na cama e chora. A voz continua: "Por que Luís? Por quê? Você magoou o coração do Seu Amigo!" Luís promete nunca mais fazer isso. O tempo passa. Outro dia os amigos aparecem e convidam-no para um piquenique no sábado. Novamente a luta recomeça em seu coração. Uma voz que diz: "Vá, Luís. Você já foi uma vez!" Outra voz: "Luís, por favor, você viu a vez anterior como foi triste!" Esta última é a voz do Espírito Santo, mas Luís tenta apagá-la e não ouvi-la. No ônibus, enquanto se dirigem ao piquenique, a voz continua falando: "Luís, hoje você deveria estar na igreja, hoje é sábado." Mas Luís tenta se distrair para não escutar. Lá no piquenique, os rapazes e as moças tocam violão, cantam, brincam e depois começa o som, a dança, a cerveja. Luís não consegue chegar a tanto. Pelo menos desta vez ele não bebe cerveja. Mas a vida continua e os piqueniques, as festas e as saídas aos sábados repetem-se com maior freqüência. A voz do Espírito sempre falando, suplicando, aconselhando e Luís sempre tentando esquecê-la, distrair-se para não ouvi-la. O que ele não percebe é que a voz lentamente, com o correr dos dias, vai se apagando ... apagando ... apagando ... até que um dia não fala mais. Cada vez que aparecia um novo convite, Luís ia com maior facilidade. A voz cada vez falava mais baixinho. Agora Luís não só vai, como participa de tudo: dança, fuma, bebe. Nada mais o intimida, nada mais dói. Ele não espera um novo convite, procura os convites. Não existem mais princípios. Não existe mais "amigo Jesus". Não existe mais igreja. Começa a justificar suas atitudes. Acha que todo mundo está errado. Que a Igreja é bitolada, que tudo depende da cabeça de cada um e passa a defender o erro. Onde está a voz que, naquele primeiro sábado que os colegas de Faculdade o convidaram a uma festinha de aniversário, falou tão alto em seu coração ao ponto de levá-lo a abandonar a reunião, voltar para sae chora sesf?" Como tantas outras vezes falou, suplicou, implorou?

O nosso coração, meu querido amigo, é como a palma da mão. Se você não está acostumado a trabalhos pesados e um dia pega uma enxada a mão começa a doer. Se você parar, a pele continuará sempre lisa e sensível. Se você continuar apesar da dor, aparecerá uma bolha, a bolha arrebentará e com o tempo, pouco a pouco irá nascendo uma pele grossa e que conhecemos com o nome de calo. É uma espécie de couro duro e insensível. Nunca mais sentirá dor.
A dor que sentimos no coração quando começamos a palmilhar caminhos errados é a voz do Espírito Santo. Mas se não a ouvimos, a dor irá diminuindo pouco a pouco até ficarmos com o coração encalecido. Não há mais dor. Não há mais sensibilidade. Isto é o que a Bíblia chama de pecado contra o Espírito Santo. E por que é que Deus não pode perdoar esse pecado? Será porque O ofendemos tanto que Ele não quer saber mais de nós? Não. Não é assim. O amor de Deus é um amor infinito, misterioso e incompreensível. Apesar de nossos erros, de nossa teimosia, de nossa rebeldia contra a voz de Seu Espírito, Ele continua nos amando. Mas, por que então não perdoa o pecado contra o Espírito Santo? Não porque Ele não queira perdoar, mas porque o ser humano que chegou a cometer esse pecado não sente que está errado. Tudo está bem para ele. Nada mais dói. Nada mais o toca. Não sente mais a voz de Deus suplicando a seu coração. Em conseqüência ele vive anestesiado em seu pecado. Não precisa de arrependimento. Para quê? Ele não acha que está errado. Não pede mais perdão porque não sente necessidade dele. E Deus não pode forçar o ser humano a aceitar o perdão. O pecado contra o Espírito Santo é imperdoável. Não porque Deus não queira perdoar, mas porque o homem não aceita o perdão. Talvez você esteja pensando nesse momento: Será que alguma vez ofendi o Espírito Santo de Deus? Será que muitas vezes, quando Sua voz me chamou, continuei fazendo coisas erradas? O que fazer se eu estiver me distanciando da voz de Deus? Se hoje, por não ter ouvido tantas vezes a voz do Espírito, ela não me fala ao coração com a mesma intensidade com que falava antes?

Quando era missionário entre os índios Campas, na Amazônia de meu país, vivi uma experiência que me ensinou uma grande lição. Devia passar aquela noite na mata e decidi fazer uma fogueira. O fogo é vida para o índio. Com ele prepara seus alimentos durante o dia, e à noite ele é luz, proteção e calor.
"Pastor", tinham me dito os índios, "se alguma vez tiver que passar a noite na mata, faça uma fogueira. O fogo aquecerá e afugentará bichos e insetos noturnos".Lembrando disso, consegui lenha seca e armei a fogueira do caçador que serve para cozinhar e fornecer luz e calor. Tinha aprendido isso tudo na classe de Líder J.A. Procurei os fósforos na mochila e para surpresa minha, a caixinha estava completamente úmida. Um a um os palitos foram se acabando sem conseguir nada mais do que faíscas. Fiquei assustado. Restavam apenas 5 ou 6 palitos e se eu não conseguisse, teria que passar a noite em meio à escuridão de uma selva desconhecida. Tremi só de pensar. Sabia o que isso significava. Tentei lembrar tudo que tinha aprendido na especialidade de fogos e fogueiras. Procurei um ninho abandonado. Os ninhos de passarinhos geralmente têm material muito fácil de pegar fogo. Consegui pequenos palitos e folhas secas. Pronto! Estava na reta final. Risquei mais 2 palitos. A faísca brotou e desapareceu como das outras vezes. Tirei a camisa e a coloquei de um lado para evitar a corrente de ar. "É agora", pensei para mim, "tem que ser agora". Mais uma faísca. Quase que corri atrás dela, soprando levemente para ver se ela recobrava a vida. Nada. "É agora ou nunca!"Estremeci e orei a Deus. A faísca brotou ao riscar mais um palito e correu bem em meio do material inflamável do ninho. Soprei. A faisquinha tornou-se maior. Coloquei uma palhinha. Continuei assoprando. Uma folhinha seca. Mais um graveto. Apareceu o fogo. Pequenino no início. Continuei assoprando. Mais uma folha seca. Mais um graveto. Um graveto maior. Uma outra folha e em pouco tempo o fogo na sua plenitude. Estava salvo. Graças a Deus não passaria a noite na escuridão e no frio. Tinha luz. Tinha calor. Tinha fogo. Estava salvo. Você entendeu?

Às vezes, por essas coisas que a vida tem, vamos nos distanciando de Deus, vamos indo lentamente para uma terra distante. Longe do Pai, longe da igreja, longe dos irmãos, longe até de nós mesmos. Lá na terra da angústia, do desespero, da solidão, ficamos sozinhos, perdidos e tristes. E clamamos em nosso coração: "Há esperança para mim?" O Senhor Jesus responde: "Há sim, querido filho. Eu nunca deixei de amar você, Meu Espírito sempre esteve com você. Vem, agora, aos Meus braços de amor!" Nesse momento é possível que a voz de Deus esteja ardendo em seu coração como uma grande fogueira. Se é assim, agradeça ao Pai e continue sendo iluminado e dirigido pelo Espírito. É também possível que a voz de Deus tenha se tornado apenas um fogo pequeno em sua vida. Por favor, não deixe que ele se apague. Mas o que acontecerá se a voz do Espírito em sua vida não está passando de uma pequena faísca? Por favor, agarre-se a ela desesperadamente. Não permita que ela desapareça. Obedeça-lhe, deixe-se guiar por ela, ouça-a. No início ela será nada mais do que faísca, mas se tornará logo um fogo, e se continuar ouvindo-a e obedecendo-lhe, tornar-se-á numa grande fogueira de vida.

O fogo do Espírito é nossa garantia de vitória. Ele terminará em nossa vida a obra redentora de Cristo. Ser cheios do Espírito é deixar-nos guiar pela Sua voz, seguir Seu conselho, obedecer às Suas orientações. Estamos dispostos a fazê-lo?

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