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sábado, 31 de dezembro de 2011

Capítulo 4 - Milagres não se explicam... Se aceitam!

Capítulo 4- Milagres não se explicam.. Se aceitam!

Por que se torna difícil amar a Deus, mesmo sabendo o que Ele fez por nós? No capítulo 3 de São João achamos a história de um homem que não conseguia amar apesar de ter abundante conhecimento bíblico. Este homem cumpria aparentemente todas as normas, esforçava-se cada dia para ser um bom membro de Igreja, tinha até um cargo de liderança, mas não era feliz. Experimentava uma sensação de vazio na alma, faltava em sua vida alguma coisa. O pior de tudo era que nem ele próprio sabia definir o quê.

É possível que Nicodemos costumasse ficar acordado até altas horas da noite, sem conseguir dormir. Muitas vezes, deitado na cama, talvez se perguntasse: "Meu Deus, o que está faltando? Devolvo meus dízimos, guardo o sábado, faço trabalho missionário, canto no coral da igreja, sou professor da Escola Sabatina, mas sinto que alguma coisa está errada dentro de mim; tenho a impressão de que nada adianta todo o meu esforço. O que está acontecendo comigo?"

Foi talvez numa daquelas noites que se levantou e procurou Jesus. Sabia onde achá-Lo. Estudava as profecias e tudo apontava Cristo como o Messias que havia de vir. Seu problema não era falta de conhecimento. A tragédia de Nicodemos jazia no fato de nunca ter um encontro pessoal com Cristo. Amparado pelas sombras da noite, dirigiu-se aonde Jesus estava. No fundo, tinha vergonha que os outros o vissem procurando ajuda. Afinal, ele era um líder da igreja. Os homens supõem que líderes devem ajudar e não pedir ajuda. Vocês percebem o drama daquele homem? Cheio de teoria, cheio de doutrinas; cheio de profecias, sozinho, precisando de ajuda, angustiado, porém impedido, por causa do seu status, de correr como o jovem rico e cair aos pés de Cristo dizendo: "Senhor, estou perdido! O que preciso fazer para ter a vida eterna?"

Não foi difícil para Nicodemos achar Jesus. Cristo estava nos Montes das Oliveiras esperando com os braços abertos. Seus olhares se encontraram. Era o encontro da paz e do desespero, da calma e da angústia, da plenitude e do vazio, da certeza e da incerteza. Aqueles olhos de Cristo olhavam na alma, perscrutavam o coração, irradiavam amor, paz e perdão. Nicodemos tentou abrir o coração, contar suas tristezas, falar de seus fracassos, da confusão toda que o inquietava, mas não conseguiu. Seu orgulho falou mais alto.
- Rabi - disse - bem sabemos que é Mestre vindo de Deus, porque ninguém pode fazer estes sinais que Tu fazes se Deus não estiver com ele.
Tenho a impressão de que, na realidade, ele quis dizer: "Eu te reconheço como Mestre, e vim falar contigo de mestre para mestre. Vamos estudar um pouco as profecias que se relacionam com as coisas que Tu fazer." Jesus fixou os olhos em Nicodemos e viu através deles uma alma angustiada. Não era de profecias que ele estava precisando, nem de teologia, nem de doutrinas. Às vezes, nós os humanos, vivemos preocupados em procurar o conhecimento teológico, quando na realidade a nossa necessidade é outra.
- Nicodemos - disse Cristo - você precisa nascer de novo. Você precisa ser convertido. Este é o seu problema e enquanto você não experimentar o novo nascimento não adianta estar na igreja, nem conhecer a doutrina, nem ter um cargo de liderança. Nada substitui a experiência da conversão.
Aquela declaração foi como uma bofetada no rosto de Nicodemos.
- Como pode o homem nascer de novo sendo velho? Pode porventura retornar ao ventre materno?- perguntou ele, simulando não entender.
E Cristo, com um ar de tristeza nos olhos:
- Pare com isso, Meu filho. Você entendeu perfeitamente o que Eu quis dizer. Estou falando de conversão porque este é o ponto de partida de uma vida feliz. Você vive angustiado e triste porque sua cabeça está cheia de doutrinas, leis, normas e regulamentos. Você se sente frustrado porque sempre tentou fazer as coisas da maneira certa e nunca conseguiu. Hoje, querido filho, quero transformar seu ser completamente, e você, em lugar de aceitar, tenta se esconder atrás do preconceito e da ironia?
A história de Nicodemos fica sem conclusão no capítulo 3 de São João, porque, aquela noite, ele não aceitou o convite de Cristo. Era duro demais reconhecer que ele, Nicodemos, o teólogo, o líder, o bom membro de igreja, não fosse convertido. Retirou-se triste e frustrado como veio.

Você acreditaria se eu dissesse que o problema de Nicodemos é também o nosso?
Corremos talvez hoje o risco de pensar que, porque estamos na igreja, batizados, estamos convertidos. Mas não é sempre assim. Não podemos confundir conversão, com convicção. Ambas as palavras soam parecidas, mas tem significados completamente diferentes. A primeira tem que ver com o coração e a vida, a segunda limita-se apenas ao que vai na cabeça.
Um dia desses, alguém nos deu uma série de estudos bíblicos. Aceitamos a doutrina do sábado, da lei, do dízimo, do Espírito de Profecia, do santuário e finalmente decidimos nos batizar. Ao sair do tanque batismal pensamos: "Agora estou convertido." Mas talvez não seja assim. Estamos convencidos da doutrina, com certeza, mas estar convencido não significa estar convertido. E aí começa a confusão toda. Passamos pela vida como Nicodemos, cheios de teoria e de doutrina, muitas vezes sabendo tudo isso desde a meninice, porque nascemos num lar cristão, mas vivemos com essa permanente sensação de vazio, de impotência, de fracasso. Queremos amar Deus e não conseguimos. Por quê?

Vamos tentar entender melhor este assunto da conversão. Para isto temos que remontar novamente ao Éden. Lá encontraremos Adão e Eva, recém-saídos das mãos do Criador. Eles eram seres perfeitos, tinham sidos criados assim, sem propensão para o pecado, com capacidade para obedecer. Eles se deleitavam na obediência. Obedecer era para eles tão fácil como para você é respirar. Não precisavam se esforçar para isso. Tinham uma natureza perfeita. O problema começou quando eles pecaram, porque nesse instante eles perderam sua natureza perfeita e adquiriram uma natureza estranha, incapaz de obedecer o que se deleita nas coisas erradas da vida. Chamaremos a isso de natureza pecaminosa. Agora, com essa natureza pecaminosa, o homem não consegue mais obedecer. Agora, o que para ele é simples como respirar é a desobediência e o pecado. Infelizmente essa natureza pecaminosa foi passando de pai para filho até o dia que nós viemos a este mundo. O dia que nascemos, nascemos com essa natureza e com ela é impossível obedecer. É isso o que a Bíblia diz: "Pode acaso o etíope mudar a sua pele ou o leopardo as suas manchas? Então podereis fazer o bem, estando acostumados a fazer o mal" - "Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e desesperadamente corrupto, quem o conhecerá?" - "Porque o coração procedem maus desígnios, homicídios, adultérios, prostituição, furtos, falsos testemunhos, blasfêmias."
- Pastor - você deve estar se perguntando - isso quer dizer que eu nunca conseguirei obedecer?
- Do jeito que você nasceu - respondo - com essa natureza que recebeu de seus pais, não.
Foi isto o que Cristo quis dizer a Nicodemos quando falou: "Se alguém não nascer de novo, não pode ver o Reino de Deus."

George E. Vandeman, em seu livrinho How to Live With a Tiger (Como Viver com um Tigre)apresenta uma interessante ilustração: "Suponhamos - disse ele - que um dia um lobo começa a observar a vida das ovelhas e depois de um certo tempo chegue à conclusão de que o melhor modo de vida é a vida das ovelhas e decida juntar-se a elas. Para isso, coloca uma pele de ovelha em cima e passa a conviver com as ovelhas. Como você acha que ele se sentirá quando chegar a hora de comer e as ovelhas comerem com prazer o capim verde? Você acha que ele se deleitará comendo capim? Suponhamos também que ele seja um lobo honesto, e não queira voltar atrás na decisão que tomou, você acha que cinco ou dez anos depois ele finalmente aprenderá a gostar de capim? Não, claro que não, porque ele é lobo, com paladar de lobo e com natureza de lobo."
Continuemos imaginando a vida do lobo em meio às ovelhas. A princípio talvez ele se esforce para viver exatamente como as ovelhas vivem, embora tudo isso seja contrário a sua natureza. Mas o tempo vai passando, o entusiasmo da decisão que tomou vai diminuindo e, finalmente, depois de um ou dois anos, não consegue mais ficar amarrado a um tipo de vida alheio a sua natureza. Aí, um dia, enquanto as ovelhas dormem, ele se levanta em silencio e vai embora. longe do rebanho, tira a pele de ovelha e vive como lobo, come como lobo, enfim, faz tudo o que os lobos fazem. Depois de ter dado rédeas soltas aos seus instintos e gostos de lobo ele retorna, coloca novamente a pele de ovelha e no sábado está com as ovelhas, como se nada tivesse acontecido. Nada? Aconteceu sim, e ele sabe disso, e ele chora em silêncio por isso.

Um dia, não conseguindo suportar mais esse tipo de vida, clama do fundo do seu coração: "Ó Deus, Tu sabes que quero ser ovelha de verdade, mas Tu conheces minha verdadeira natureza, sou um lobo, nasci lobo, não tenho culpa de ter nascido assim. Mas, Deus, por favor, não quero ser mais lobo, quero me tornar uma ovelha de verdade. Faze alguma coisa por mim."
E deus fez o milagre da transformação. Com um toque milagroso, converte este lobo numa ovelha de verdade, com paladar de ovelha, com mente de ovelha. É justamente isto o que Deus está prometendo. "Então aspergirei água pura sobre vós, e ficareis purificados de todas as vossas imundícias e de todos os vossos ídolos... Dar-vos-ei um coração novo, e porei dentro de vós espírito novo."
São Pedro acrescenta: "Pelas quais nos tem sido doadas as Suas preciosas e mui grandes promessas para que por elas vos torneis co-participantes da natureza divina, livrando-vos da corrupção das paixões que há no mundo."
Entende meu amigo? Deus está prometendo dar-nos uma nova natureza, a natureza de Cristo, que gosta de amar a Jesus e se deleita na obediência. Isso é conversão.

Ellen G. White o explica assim: "Não somos, por nós mesmos, mais capazes de viver vida santa, do que o era aquele homem de andar. Muitos há que compreendem a própria impotência, e anseiam aquela vida espiritual que os porá em harmonia com Deus; estão vãmente lutando por obtê-la. Em desespero chamam: *miserável homem que eu sou! Quem me livrará do corpo desta morte!* Que estas almas acabrunhadas, lutadoras, olhem para cima. Ninguém vê a mão que suspende o fardo nem a luz que desce das cortes celestiais. A bênção vem quando pela fé a alma se entrega a Deus. Então, aquele poder que olho algum pode discernir, cria um novo ser à imagem de Deus."
Um novo ser, você compreende? Um ser capaz de amar, um ser que queira obedecer, um ser que se deleita em fazer a vontade de Deus. Não é essa uma promessa maravilhosa? Ninguém vê, porém o milagre acontece porque a promessa não é humana, é divina. Há uma coisa que deveríamos entender antes de continuar, é que nem todas as conversões são iguais. Algumas acontecem num instante, um homem pode ser transformado em dois segundos, mas outras vezes esse processo é gradual e leva tempo. Algumas conversões são acompanhadas por uma grande emoção. Outras não. Isto não significa que a primeira seja necessariamente mais autêntica do que a segunda. Alguns cristãos podem lembrar o momento exato de sua conversão, outros não pode fazê-lo. Saulo de Tarso caiu do cavalo e foi convertido, mas não pense que todas as pessoas devam cair do cavalo para ser convertidas. O que realmente importa é que a mudança de natureza aconteça, a transformação é uma realidade, de repente, o lobo vira uma ovelha genuína.

Desenvolvi o primeiro ano de meu ministério numa favela, na capital de meu país. Era um morro habitado por gente necessitada e carente, em sua maioria, mas aquele lugar tornou-se cenário de conversões maravilhosas que o Espírito de Deus operou.
Certo dia, andando pelos estreitos caminhos daquele morro, fui surpreendido por um cachorro que começou a latir. Inexperiente, cometi a imprudência de correr e em poucos segundos não era só um mas um bando de cachorros que corria atrás de mim. Assustado tive que empurrar a porta de uma casa e me esconder dos cães enfurecidos. Mas, quando percebi onde estava, teria preferido que os cachorros me pegassem lá fora. Era um quarto escuro e pouco ventilado, iluminado por duas velas grandes no centro de uma mesa. Havia um cheiro horrível. Em cima da mesa podia-se ver uma pequena montanha de cinza de cigarro e folhas de coca. Em torno da mesa, mulheres bêbadas e, no chão, garrafas vazias de bebidas alcoólicas.
Em fração de segundos, me vi rodeado pelas mulheres. Pedi desculpas. Expliquei que tinha entrado por causa dos cachorros, mas de nada adiantou a cortesia e as boas maneiras. Tive que ser de certo modo, mal educado, e à força consegui sair. Alguns dias depois uma daquelas mulheres abortou-me na rua.
- Foi você que entrou em casa outro dia perseguido pelos cachorros?
- Sim - disse, e pedi desculpas mais uma vez.
- Desculpas? - surpreendeu-se - Não senhor, acho que nós é que temos que nos desculpar.
Expliquei para ela que era pastor e que estava pregando todas as noites, no salão na parte alta do morro, e convidei-a para assistir às nossas conferências. Aquela noite, para minha surpresa, ela esteve lá. Tinha bebido bastante e dormiu durante a pregação. A noite seguinte retornou e também a outra e a outra. Sempre bêbada, dormia enquanto eu falava. Um dia, ela me procurou:
- Pastor - disse angustiada e cheirando a álcool - preciso falar com o senhor. Minha vida é uma tragédia, o senhor pode pensar que eu não entendo nada do que fala porque sempre estou bêbada, mas infelizmente, entendo tudo, pastor, e estou desesperada."
Olhei para ela com simpatia. Era fácil ver no rosto, nos olhos, nas lágrimas que resistiam em sair, a tragédia de uma vida sem Cristo. Ela era uma alcoólatra inveterada.
- Pastor - continuou - eu tive uma família bonita, um marido honesto e trabalhador e filhos maravilhosos. Não vivíamos na abundância, mas nunca faltou o pão de cada dia, até que fiquei viciada na bebida. Não sei como aconteceu. Cheguei a um ponto em que a bebida era o mais importante em minha vida. Às vezes meu marido chegava a noite cansado de trabalhar e me achava bêbada, os filhos com fome e abandonados. Esse foi o início da desgraça. Ele começou a me bater, mas nem por isso eu parava de beber. A vida em casa tornou-se insuportável. Um dia enquanto ele estava no trabalho, tive a coragem de pegar minhas roupas e abandonar o lar, o marido e os filhos, o menos dos quais tinha apenas dois anos. Aí, vim morar neste morro onde, para sobreviver, me entreguei a uma vida de promiscuidade e abandono."
Doía, doía muito ver como o pecado arruína completamente a vida de uma pessoa e a leva muitas vezes a cometer coisas que a própria pessoa não entende depois.
- Todo este tempo em que estive assistindo às conferências - seguiu falando a mulher - tenho sentido que minha vida não pode continuar assim; tenho que parar de beber. Mas pastor, quando estou lúcida, lembro de meus filhos, de meu marido e a angústia toma conta de mim, então para esquecer torno a beber e assim minha vida entrou num círculo vicioso."
As promessas de Deus é que "Ele nos libertará das concupiscências deste mundo." - "Ele nos manterá sem queda." - "Ele nos dará uma nova natureza". - "Ele transformará o nosso ser." E foi isso o que aconteceu com aquela mulher. Desde o fundo do poço de desespero e culpabilidade, desde as profundezas das sombras de miséria e angústia, ela clamou a Deus: "Ó Senhor, transforma meu ser, muda o rumo da minha vida, liberta-me da escravidão do vício que me domina, dá-me uma nova natureza." E Deus ouviu-a. Ninguém viu, mas o poder de Deus criou uma nova criatura. Ela largou a bebida, mas passou a conviver coma tristeza do abandono do marido e dos filhos. Era uma realidade lacerante, feria as carnes e fazia sangrar o coração. Doía vê-la sofrendo e foi por isso que procurei o marido. Homem bom, aquele. Levantava-se toda manhã de madrugada, preparava a comida para os filhos e rumava pra o trabalho. O garoto mais velho de doze anos, esquentava depois os alimentos para os irmãos mais novos. O homem retornava para casa à noite, cansado e ainda tinha que arrumar a casa e levar a roupa. Era uma vida sacrificada. Foi difícil falar alguma coisa vendo um quadro semelhante. Finalmente, após algumas visitas, disse para ele que vinha em nome da esposa. Ele mudou de atitude. Quase cuspindo fogo pelos olhos disse: "Não me fale desta mulher, ela arruinou minha vida e a vida de meus filhos, aliás, ela acabou com a nossa vida porque o que nós vivemos hoje não é mais vida."
Os dias foram passando e com o tempo tornamo-nos amigos. Falei para ele que a esposa que o abandonara tinha morrido, que hoje aquela era outra mulher, que não bebia mais, e que sofria por ter abandonado a família. Ah! O Espírito de Deus consegue coisas que para o homem são impossíveis. Meses depois, ele aceitou ver a esposa. Marcamos o encontro. Aquela noite orei a Deus e pedi que fizesse mais um milagre na vida dessa mulher, que tocasse o coração daquele homem, que reconstruísse aquele lar desfeito pelo pecado. Sabe? Existem momentos que marcam a vida para sempre. Aquele foi um desses momentos na minha vida.
Lá estava o marido, rodeado dos filhos. A mulher aproximou-se e caiu aos pés deles.
- Perdoem-me - disse ela chorando - perdoem-me, eu não mereço, mas por favor, me perdoem. Já perdi todos os direitos que tinha, não sou ninguém, apenas quero que me permitam cuidar de vocês. Serei uma serva, nunca reclamarei de nada, só quero ficar perto e cuidar de vocês e fazer tudo o que deixei de fazer...
Foram momentos dramáticos e emotivos. No silêncio do coração continuei orando. De repente o home levantou a mulher e perguntou:
- Você não bebe mais?
- Não. Há meses que Cristo tirou a bebida de mim.
- É inacreditável. - completou o marido emocionado - Quando o pastor falou que você não bebia mais, eu não acreditei, quis conferir com meus próprios olhos, mas é verdade, você não bebe mais. Você diz que foi Cristo que tirou a bebida de você? Então eu quero conhecer o Cristo que foi capaz de tirar fazer esse milagre.
A estas alturas, dei meia-volta e, escondendo duas lágrimas, retirei-me do lugar. Meses depois tive a alegria de ver batizados aquele homem, sua mulher e o filho mais velho de doze anos.

Como Deus transforma? Não sei. Mas eu sei que Ele é capaz de mudar. Ao longo de meu ministério tenho visto muitas vidas transformadas. Marginais, jovens viciados em drogas, bêbados, homens e mulheres que pareciam não ter mais esperança de recuperação. E se Deus foi capaz de transformar todos eles, não poderá também transformar nosso ser?
- Pastor - você dirá - eu não sou como aquele homens.
Eu sei disso. Mas Nicodemos também não era assim, e Cristo disse para ele: "Você tem que nascer de novo, você precisa que eu mude sua vida, você precisa de uma nova natureza." E Nicodemos achou que, porque conhecia bem a doutrina, já tinha sido convertido e achou que aquela declaração de Cristo era uma ofensa para ele e foi embora. Durante três anos continuou vivendo em meio à igreja e carregando aquele sentimento de que alguma coisa estava errada com ele. Continuou assistindo aos cultos, desempenhando suas responsabilidades de liderança, mas vazio e triste por dentro. Até que um dia os judeus prenderam Jesus e O levaram ao topo da montanha do Calvário. Aí, Seu corpo foi levantado. Embaixo, entre a multidão estava Nicodemos, tremendo. E ao ver a silhueta de Cristo se projetar no horizonte, lembrou a noite de três anos atrás, quando Jesus disse: "Assim como Moisés levantou a serpente no deserto, é necessário que o Filho do homem seja levantado para que todo aquele que nEle crê não pereça mas tenha a vida eterna."
Nicodemos não conseguia resistir mais. Eu imagino que se aproximou da cruz. Talvez o olhar agonizante de Cristo tivesse alcançado lá embaixo e é possível que Nicodemos clamasse: "Por favor Jesus, não vá embora. Não sem transformar meu ser. Dá-me a nova natureza de que falou aquela noite." E o clamor de Nicodemos foi ouvido. Cristo transformou seu ser. E aquele homem medroso que um dia procurou Jesus amparado pelas sombras da noite, não teve medo de confessar publicamente a Cristo como seu Salvador. E junto com José de Arimatéia reclamou o corpo de Cristo para dar-lhe sepultura.

Isso não é maravilhoso? O milagre da conversão pode acontecer. Com você, amigo, com qualquer um que o aceitar. É só correr para a cruz de Cristo e reconhecer três fatos. Primeiro: "Eu sou um pecador." Não existe nada mais difícil para um orgulhoso coração humano do que reconhecer, não uma fraqueza, não um problema de personalidade, mas o pecado. Nada de jogar a culpa ao fato hereditário, ou o ambiente em que fomos criados ou à falta de oportunidade que tivemos. Temos que correr a Cristo e clamar: "Senhor ajuda-me, sou um pecador. Sou o único responsável, não tenho explicação, apenas quero ser perdoado."
Segundo: - doloroso fato - Eu não posso". Não adiante querer ser bom por nossos próprios esforços. A humanidade está ficando louca porque fala de "autodisciplina", de "energia interna", de "força mental". Ela esqueceu de olhar para Cristo e está olhando para dentro de si em busca de solução e só acha fracasso e frustração. Nada disso! Olhemos para Cristo e falemos: "Ó Senhor, já tentei de tudo e não consegui! Carrego dentro de mim uma natureza estranha que me leva para o pecado. Por favor, ajuda-me porque eu não posso."
E agora, o fato mais extraordinário: "Deus pode!" Sim, meu amigo. Ele pode. Olhemos para o alto da montanha e como Nicodemos caiamos aos pés da cruz, clamando no silêncio do coração:"Deus, por favor, muda o rumo de minha vida, dá-me uma nova natureza."

A Palavra de Deus disse que o milagre acontecerá. Pode acontecer agora, neste momento, enquanto suas mãos seguram este livro. Você não está sentindo o Espírito de Deus trabalhando em seu coração. De repente você sente vontade de fechar o livro e jogá-lo no lixo, existe uma coisa que se revolta dentro de você. É a natureza pecaminosa que não gosta das coisas certas. Mas a voz de Deus continua chamando seu coração. Você sente. E pergunta: "Como pode ser isto? Como pode Deus mudar minha vida num segundo?" Não sei, milagres não tem explicação e a conversão é um milagre.
Eu não posso explicar como a água pura e simples pelo toque maravilhoso de Cristo um segundo depois era vinho de primeira qualidade. Nenhum químico do mundo pode explicar. Milagres não se explicam.. Se aceitam!
Como foi possível um cego de nascença viver em escuridão anos e anos e, num segundo depois do toque divino, estar enxergando? Oftalmologista nenhum pode explicar isso. Milagres não se explicam.. Se aceitam!

Nesse momento, agora, Deus quer fazer um milagre com você: o milagre da conversão. estou orando enquanto escrevo as últimas linhas deste capítulo, orando por você sem conhecê-lo mas com a certeza de que você dirá em seu coração: "Senhor, eu aceito o milagre."

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